segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Crítica - "La Haine" (1995)


Existe um enorme estigma contra o cinema francês. Que é chato, que não tem interesse, que é muito parado, entre outras coisas. Não vi muitos filmes oriundos de França mas já vi uns quantos. E, que me lembre, nenhum sofre desses defeitos. Aliás, um dos meus filmes preferidos é francês e vejo-o como uma das coisas mais brilhantes que o cinema já fez. Obviamente que não tenho moral suficiente para falar,porque não vi filmes franceses que são alvo dessas  criticas negativas. Nunca tinha ouvido falar de "La Haine". Mas uma busca aleatória pelo Top 250 do IMdB, trouxe-me a este filme. E ainda bem.

A história passa-se em Paris, nos tempos modernos. A cidade atravessa um período de rebeliões e vandalismo e os bairros mais problemáticos são vigiados avidamente pela policia. Durante o decorrer da obra, ficamos a conhecer Vinz, Said e Hubert, três jovens que participaram numa das rebeliões. No dia seguinte, descobre-se que um dos policias perdeu a sua arma, o que poderá dar origem a certos tumultos se for parar às mãos erradas.

"La Haine" quer dizer " O Ódio". Não é um filme de gangsters. Não é uma luta de gangs, não é um policial, não é um filme que tenha um estilo propriamente definido. É um filme sobre ódio e uma história de revolta e justiça, maioritariamente. Traz à superfície o lado mais detestável que uma pessoa pode ter mas não deixa de o mostrar de forma suficientemente humana para nos mostrar os seus motivos. É uma história onde as relações se definem e se põem à prova à luz dos acontecimentos mas é um pouco mais que isso.

Seguir qualquer uma destas personagens é um desafio interessante. É um daqueles raros casos em que não compreendemos porque temos tanto interesse em seguir aquelas pessoas, já que não agem de forma correcta, pelo menos aos nossos olhos. No entanto, aquilo que fazem nunca deixa em qualquer momento de ter interesse. A forma como as personagens reclamam com aquilo que vai contra o que concordam não é posta ao acaso. É simplesmente um sentimento derivado da exposição em demasia. "Ódio gera mais ódio" diz uma das personagens a certa altura. Vem de experiências vividas pelo seu autor e nota-se isso. Transporta-nos para o mundo onde a revolta predomina e dá-nos a sensação de estar mesmo ali e pensarmos o que nos poderia acontecer ao tentar sobreviver lá.

Não quero explicar muito mais do conteúdo pois é melhor entrar neste filme sabendo o menos possível, como me aconteceu a mim. "La Haine" é uma das obras mais interessantes e bem conseguidas que vi recentemente e sem dúvida o filme menos falado e destacado que vi em muito tempo. Se têm problemas com o preconceito do cinema francês, deitem-nos para o lixo e experimentem ver este. Creio que não se desapontarão.

Classificação: 10/10

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