quarta-feira, 10 de abril de 2013

How I Met Your Mother é a melhor série de sempre?


Antes de mais vamos pôr tudo em pratos limpos: Eu gosto de How I Met Your Mother. Vou repetir, que pode haver quem não perceba: EU GOSTO de How I Met Your Mother e acho que merece todo o sucesso que tem tido nos últimos anos. No entanto, numa altura em que se sabe que acabará no final da sua 9ª temporada daqui a um ano, acho por bem discutir os seus prós e contras.

Para as 2 pessoas que nunca ouviram falar, How I Met Your Mother tem a premissa da série no seu nome. Contada em flashback pela personagem principal, mostra as aventuras de Ted Mosby, jovem na casa dos 20 e tais, na sua demanda para encontrar a mulher dos seus sonhos e toda a série gira à volta de Ted no futuro a contar uma longuissima história de como conheceu a sua mãe. A ele juntam-se os seus amigos Lily e Marshall ( que ele conhece desde a faculdade e que decidem casar no primeiro episódio), Barney ( o adorável ladies man e o responsável pelo sucesso da série. Não façam essa cara. Sabem que tenho razão.) e Robin, a mais recente aquisição do grupo e interesse amoroso de Ted.

Vamos começar pelo menos bom.

How I Met Your Mother estreou em Setembro de 2005 e tem-se mantido no ar desde então. Para alguém que nunca tenha visto e fique a par destes dados poderá pensar: "2005? Então mas ele anda a contar a história de como conheceu a mãe dos filhos assim há tanto tempo?".
Ao que eu respondo: é uma longa história.

O meu primeiro problema com How I Met Your Mother é o tempo a que está no ar, na medida em que o seu conceito não é benéfico para trazer uma série demasiado duradoura. Ao fim de 9 anos são diversas as alturas em que se perde o foco no objectivo principal, que é conhecer a mãe das crianças. Portanto por várias vezes se põe em causa a finalidade de muitas das histórias que o Futuro Ted conta aos seus filhos. Sim, algumas são engraçadas mas no fim do episódio questiono-me o que tem aquilo a ver com o objectivo principal. O mais preocupante é que tudo isto traz problemas ao próprio titulo da série. Passado tanto tempo, chega-se rapidamente à conclusão que isto não é um tipo a conhecer a sua futura esposa. É a vida de alguém que quer realmente ser feliz e casar e que por acaso parte da história envolve ele ( finalmente!) a conhecer a mãe dos seus filhos. Alguns poderão dizer que há sempre referências à Mãe e que ele já quase se encontrou com ela e que não aconteceu só por acaso. De facto existem mas resultariam muito melhor se a série acaba-se ao fim de 4 ou 5 anos. Depois disto tudo, torna-se francamente cansativo e até enganador.

Ainda dentro do mesmo problema, pergunto-me, muito simplesmente por que raio está ele a torturar assim as suas crianças. Recordo que a história começa com "Miúdos, alguma vez vos contei a forma como conheci a vossa mãe?". E o tipo ainda não acabou de a contar. É suposto pensarmos que os miúdo estão ali a ouvir aquilo tudo? E que o a história está a ser contada toda no mesmo dia? Eu espero que ele vá contando gradualmente porque senão aqueles pobres miúdos já morreram de aborrecimento. E porque carga de água é que ele se põe a contar aos seus filhos toda a sua vida amorosa E sexual? Será que ele se esqueceu que há poucas coisas piores do que ouvir os nossos pais a falar sobre sexo quanto mais a narrar com quem já o fizeram?
Poderão pensar que são aspectos picuinhas de ver a série mas, a meu ver, se How I Met Your Mother estabelece um conceito que a faz andar e depois começa a fazer coisas que não o cumprem é algo problemático.

Um outro aspecto que não gosto tanto está no constante uso do flashback. Não tenho absolutamente nada contra o flashback e acho que as suas potencialidades cómicas podem ser enormes. No entanto todos os episódios, para além de serem contados em flashback, têm eles próprios flashbacks dentro da história que está a ser contada. Adicionado ao seu uso excessivo se tornar irritante em certas alturas, acaba por não fazer sentido. As personagens estão lá e interagem umas com as outras portanto usar este mecanismo é muito distractivo e está um bocado desadequado aos padrões da sitcom de estúdio.

Dito isto, o que há a dizer de bom acerca de How I Met Your Mother? Para ser sincero, uma data de coisas.

Vamos começar pelo que pode ou não fazer uma boa série, que são as personagens. E se há coisa onde How I Met Your Mother sucede é a trazer boas e divertidas personagens. Lily e Marshall, o casal apaixonado que se adora mas que conseguem sobressair sozinhos; Robin, a repórter que consegue evoluir na carreira e também em personalidade; Barney, o engenhoso ladies man que faz tudo para conseguir levar uma rapariga para a cama mas que lá no fundo tem o seu lado querido que não quer mostrar; Ted, o sonhador que deambula pela vida à procura do amor verdadeiro.
Todos eles têm personalidades extremamente vincadas e que sobressaem uns aos outros, evoluindo à medida que os anos passam. Há muita gente que diz que Josh Radnor como Ted não é uma boa personagem principal mas, embora já tenha sido dessa opinião, uma das vantagens do a longa duração de How I Met Your Mother é uma constante e positiva evolução desta e de outras personagens. Barney conseguiu conquistar todo o mundo, em parte pelo carisma do seu extraordinário actor Neil Patrick Harris, e deixou a sua marca na cultura popular de todo o mundo. Existem sempre elementos identificativos em cada personagem que faz com que cada uma tenha algo a dizer, fazer e a deixar impacto nos espctadores.

Um outro aspecto positivo sempre importante em comédia está nas piadas. Se acho que How I Met Your Mother é uma série engraçada? Na maioria das vezes, eu diria que sim. Não me consegue cativar sempre e já vi uns quantos episódios que achei desinteressantes mas quando acerta normalmente acerta em cheio. E em parte porque há muita imaginação e capacidade de romper a barreira da lógica, precisamente por ser uma história que está a ser contada a crianças e que, assim, pode ser bastante exagerada. Não gosto de todas as piadas que são feitas deste modo mas aceito-as porque já foi estabelecido que o podem fazer e sair com a deles avante.

Destaco também algo que adoro em How I Met Your Mother e que se vê em poucas séries cómicas, que é a forma como lida com a continuidade. Apesar de demonstrar o meu desagrado pela sua longa duração e pela forma como se afasta do seu propósito original, admito que How I Met Your Mother é extremamente competente a continuar a sua história. E não digo apenas de um episódio para outro mas como um todo. Deleito-me por vezes ao observar, em episódios recentes, referências a histórias da primeira temporada e como ainda pode haver espaço na vida das personagens para isso. Louvo o quão bem definem a continuidade, que é um aspecto crucial.

E agora provavelmente aquilo que eu mais gosto de ver nesta série: o drama. Soará certamente bizarro dizer isto de uma denominada série de comédia mas... Céus, existem cenas dramáticas absolutamente magnificas. Algumas delas que me deixaram com uma lagrimita quase a sair do olho. Há muito potencial para boas piadas mas sempre que mostram uma destas personagens a sofrer e a deitar cá para fora emoções mais fortes e não-cómicas, é sempre de arrepiar.

Penso já poder responder à pergunta que coloquei no titulo deste post. E repondo um forte "Não". Mas é um não com respeito, um não que não visa demonstrar qualquer ódio ou insatisfação. Vejo problemas que me impedem de dizer sim mas que fique claro que esté um não pessoal e limitado. How I Met Your Mother definiu todo um conjunto de frases e hábitos, marcando o seu lugar na história das séries de televisão. Ainda estará no ar mais um ano e eu lá estarei a ver, quer goste ou não, como tudo vai acabar

Realço só que se não acabar com a frase "And this,kids, is how I met your mother" ou outra variante vai haver sangue. Sangue metafórico mas mesmo assim sangue.