terça-feira, 24 de julho de 2012
Crítica - "Ted"
Qualquer dos projectos em que Seth MacFarlane põe a mão torna-se num produto interessante e maioritariamente divertido. Mesmo não morrendo de amores pelas suas séries "Family Guy" e "American Dad", aprecio bastante o conceito e a forma como não têm medo de arriscar. É claro que houve óbvias influências de outras séries mas nota-se o risco que se corre com um tipo de humor tão variado, aleatório e até ofensivo. Pessoalmente é um género que aprecio e ao saber que MacFarlane investe o suficiente para passar para um filme live-action este seu estilo é extremamente positivo.
A história é a de John Bennett ( Mark Wahlberg), um miúdo tímido e sem amigos que recebeu como prenda um urso de peluche a quem chama Ted. Um dia, sem explicação aparente, o urso ganha vida e começa a falar ( com a voz do próprio Seth MacFarlane). A história corre o mundo e John torna-se adulto e com Lori ( Mila Kunis) como namorada. No entanto Ted cresce também e o facto de continuar a manter o seu urso da infância na sua vida começa a fazer questionar se não estará na altura de finalmente seguir em frente.
O que mais me impressionou neste "Ted" foi a forma como simultaneamente consegue gozar com a absurda premissa e no entanto dar-lhe uma realidade esmagadora. Levamos o seu gozo a sério porque desde o inicio que o filme se define como uma mescla de realidade com parvoíce e deixa-se levar por isso. Acaba por parecer um pouco um episódio de "Family Guy" transposto para o grande ecrã, notando-se o óbvio envolvimento de MacFarlane. E resulta porque, apesar de tudo, estamos perante um filme que respeita os padrões do cinema. Tem inicio, tem conflito, tem um fim com uma conclusão.
A premissa é bastante simples e poderia viver exclusivamente à custa das piadas mas não o faz. São piadas muito arriscadas e até ofensivas mas que no contexto do filme ( ter um urso de peluche a dizê-las) tornam-se muito engraçadas. Em relação às personagens acabam por ser um bocado "cartoonizadas", contudo é perfeitamente possivel identificar-mo-nos com elas e os seus dilemas. O filme pega em conceitos já vistos e utilizados mas consegue dar-lhes a volta de uma maneira elaborada.
O que posso dizer de negativo tem a ver com o facto de ter piadas muito arriscadas, sendo normal que algumas delas não resultem como deve ser. Acontece um par de vezes mas nunca em demasia. Para além disso, alguns momentos têm uma edição manhosa e um pouco abrupta.
Como já ouvi alguém a dizer, "Ted" não é uma obra prima mas para isso encaminha. É a pegar num urso de peluche que ganha vida e metê-lo a crescer como um adulto o faria, parecendo normal ( nada comum em trabalhos de Seth MacFarlane). Faz-nos rir imenso e até levar às nossas cabeças a questão "E se o meu urso fosse de facto meu amigo e falasse?". A última meia hora deste filme é uma pérola da comédia.
Classificação: 9/10
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